Olhando bem de perto, cada milho de pipoca estourado é único, com seus próprios contornos e reentrâncias. Mas, dentro de um balde, é só pipoca. Parece tudo igual.
Boa parte da comunicação e do marketing dirigido às redes sociais é como um balde de pipoca. Cada post parece único, perde-se tempo escolhendo uma foto, uma frase, uma cor… No final das contas, para o leitor, geralmente é só pipoca. Basta ver os indicadores. Pouca gente vê, pouca gente comenta. Quem publica, geralmente não se dá ao trabalho de responder.
Por óbvio, posts e atualizações em redes sociais são muito importantes. Advogados, especialmente, têm no LinkedIn um canal privilegiado para falar com seus clientes. Trata-se de uma ferramenta poderosa para networking, compartilhamento de conhecimento jurídico e posicionamento profissional. Mas é preciso extrair o máximo dessa ferramenta, com estratégia e propósito claro.
Como pipoca, a comunicação que muitos escritórios dirigem para as redes sociais deixa um gostinho na boca, que some rápido, que é esquecido em instantes. E continuamos produzindo pipocas. Post para comemorar o dia da secretária, o famoso “estive aqui”, o ainda mais famoso “fico honrado em…” Pipoca.
Para enfrentar a avalanche de conteúdos produzidos por IA, os algoritmos estão ficando cada vez mais espertos. Estudos recentes mostram que 65% dos usuários de redes sociais passam menos de 3 segundos em cada publicação, e apenas 0,1% chegam a interagir com o conteúdo jurídico. Enquanto isso, estima-se que mais de 70% dos conteúdos na internet em 2025 tenham alguma influência de inteligência artificial, criando um ruído ensurdecedor onde fica cada vez mais difícil se destacar.
O conteúdo precisa ser pensado no interesse de quem vai ler, não de quem escreve. Comunicação e marketing precisam ir muito além de pipoca. Precisam ser consistentes, estratégicos. Precisam ajudar a construir marcas e gerar negócios. Para isso, insisto, precisam pensar nos interesses de quem vai ler. Ou continuaremos enchendo baldes com pipocas que acabam enjoativas e sem graça.
Publicado originalmente na Análise Editorial.