Qual o caminho para crescer na advocacia — Para onde um escritório de advocacia deve crescer é uma questão estratégica, que perturba muitos advogados. Muitos sonham com o escritório grande, tipo full service. Mas, aparentemente, cada vez mais advogados estão descobrindo caminhos diferentes. Vamos aos números. Há pouco mais de dez anos, quando a Análise Editorial começou a fazer suas pesquisas, 17% dos escritórios mapeados se identificavam como full service, outros 30% como abrangentes e 53% como especializados. A pesquisa mais recente, feita em 2023, mostra um cenário diferente: apenas 10% se declaram full service, 42% abrangentes e 48% especializados. Ou seja, o número de abrangentes cresceu e o de full service encolheu. O que aconteceu por trás desses dados não é fácil saber, porque há pouquíssima informação além desses números brutos. Uma pena…
Full service de nicho
O fato é que nos últimos anos muitas bancas descobriram como é a dura a vida de um full service puro sangue e decidiram fazer o caminho de volta, para uma estrutura menor e, em alguns casos mais inteligente. Estão surgindo, por exemplo, os full service empresariais. É full service, mas para um nicho, o que me parece uma boa ideia. É que um full service de verdade requer malabarismos diários, grandes investimentos em tecnologia e gestão, formação de profissionais, marketing, etc, etc. Sem mencionar a concorrência, que pode ser cruel. Firmas menores, as chamadas abrangentes, por outro lado, seriam mais fáceis de administrar e, eventualmente, mais lucrativas —o volume menor seria compensado pelo tíquete mais alto. O que parece não mudar é o papel especial ocupado pelos escritórios especializados. Mas esse é um outro assunto.
Advogado empreendedor
Muitos enxergam o advogado de sucesso como um empreendedor… Nem só experiência, nem só diplomas e títulos acadêmicos. Talvez o fator “X” para se chegar ao topo em um escritório de advocacia seja a capacidade de atrair novos clientes. Esse é o resultado de uma enquete que eu promovi no LinkedIn. Para 65% das pessoas que responderam, o caminho que leva ao topo em um escritório de advocacia passa pela habilidade de angariar clientes, 34% apontaram a experiência prática e apenas 1% citaram diplomas e título acadêmicos.
Sucesso sem pós graduação
Já falei de um estudo promovido pela Análise Editorial, que analisou o perfil de sócios em quase 800 escritórios, com números reveladores: 41% deles possuem algum título de especialização, um terço possui um mestrado, 13% têm um LLM, 11% concluíram um doutorado, e 6% obtiveram um MBA. Ou seja, para minha surpresa, quase 60% dos sócios alcançaram esta posição apenas com o diploma de graduação e a inscrição na OAB.
Saber vender é a chave do negócio
Agora estamos falando apenas de uma enquete, uma informação complementar, mas o resultado está muito em linha com diversos comentários deixados pela comunidade do LinkedIn, quando eu abordei o assunto pela primeira vez. Muitas pessoas enxergam o advogado de sucesso como um empreendedor. Pois bem, eu mesmo acho difícil negar que, hoje em dia, sócios de escritórios devem ter mentalidade de empresários. Em primeiro lugar, porque escritórios são empresas! Acho que já se foi o tempo em que esse assunto dividia opiniões.
Nesse sentido, voltando ao currículo do aspirante a sócio, há uma série de experiências que podem ser valorizadas, como capacidade de gestão, liderança, conhecimentos de marketing e visão estratégica.
Estudar abre horizontes
Em tempo, nada contra a experiência e o conhecimento prático. Nada contra os grandes especialistas. E muito menos contra os diplomas! Estudar abre horizontes e refina o intelecto. É fundamental. Concordo, porém, que nem todo mundo nasceu para empreender —da mesma forma que muito outros não sonham com a vida acadêmica. Cada um na sua. Talvez o maior segredo seja encontrar uma equipe onde as habilidades de cada um podem fazer diferença, sejam elas quais forem.
Publicado originalmente na Análise Editorial.