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Quantos advogados você conhece que sonham em escrever um livro? Provavelmente muitos. A vontade de compartilhar conhecimento, consolidar expertise e ampliar reconhecimento profissional através de uma obra publicada é praticamente universal na advocacia. Mas entre ter a ideia e ver o livro nas prateleiras existe um caminho que poucos conhecem bem.
Para desvendar esse processo, Alexandre Secco conversou com Rodrigo Haidar, jornalista com mais de 20 anos de experiência e diretor da Amanuense Livros. Rodrigo tem trajetória sólida na imprensa jurídica – foi repórter especial e chefe de redação da Revista Consultor Jurídico (ConJur), repórter da CartaCapital, comentarista da Rádio BandNews FM e escreveu para o jornal Valor Econômico e para a revista Legal UpDate, da Amcham.
Em 2020, Rodrigo criou a Amanuense Livros com uma proposta revolucionária: tratar livros jurídicos com o mesmo cuidado editorial que outras áreas recebem. Em cinco anos, a editora já publicou quase 50 títulos, incluindo sucessos como “Translúcida”, do ministro do STJ Sebastião Reis Júnior, que se tornou referência no mercado.
A conversa revelou que o caminho para publicar está muito mais acessível do que imaginávamos. O mercado editorial jurídico passou por transformações significativas, com editoras especializadas emergindo com propostas inovadoras e múltiplos modelos de publicação disponíveis.
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Por que publicar livros jurídicos
Editoras especializadas surgiram nos últimos cinco anos oferecendo cuidado editorial que era impensável no modelo tradicional. Onde antes predominavam publicações mal editadas, hoje encontramos obras com qualidade gráfica comparável aos melhores livros de outros segmentos.
Essa transformação coincide com uma nova geração de profissionais do Direito mais conectados e exigentes. O público jurídico está receptivo a propostas editoriais diferenciadas que combinem solidez técnica com apresentação atraente.
O livro físico mantém posição privilegiada no Brasil, especialmente no segmento jurídico. Enquanto outros setores migram para o digital, advogados ainda preferem papel – representando oportunidade concreta para autores estratégicos.
Principais oportunidades do mercado atual
• Editoras especializadas e focadas
• Público jurídico mais exigente e receptivo a inovações
• Livro físico ainda predomina no mercado brasileiro
• Demanda por obras que combinem técnica e boa apresentação
Como dimensionar expectativas para seu projeto editorial
O marketing jurídico inteligente começa com expectativas realistas. Tiragens iniciais de 300 exemplares são padrão no mercado especializado. Vendas entre 100 e 150 livros representam projetos bem-sucedidos, e lançamentos que alcançam 350 exemplares são considerados grandes sucessos.
Antes de começar seu projeto, faça este exercício prático: liste todos os contatos para onde pretende enviar seu livro. Se conseguir relacionar 200 nomes entre colegas, clientes e prospects, você já possui base sólida para um projeto editorial viável.
Um livro que alcança 150 leitores qualificados pode transformar completamente o posicionamento profissional do autor. O valor está na qualidade do público atingido, não apenas na quantidade.
Estratégias para escolher temas com potencial comercial
Obras que abordam teses novas têm maior potencial comercial porque atendem demandas não satisfeitas. Inovações legislativas e mudanças regulatórias criam janelas de oportunidade para autores preparados. O timing pode ser mais determinante que a profundidade técnica.
Inteligência artificial aplicada ao Direito, novas modalidades processuais e regulamentações emergentes representam oportunidades concretas. A estratégia ideal considera objetivos profissionais e momento de carreira do autor.
Temas consolidados oferecem segurança mas exigem abordagem diferenciada. Áreas emergentes permitem posicionamento pioneiro mas demandam velocidade de execução. Essa abordagem funciona especialmente para advogados em início ou meio de carreira que buscam diferenciação no mercado.
O papel do editor no sucesso da sua estratégia
A parceria com editor especializado é fundamental para maximizar o impacto da publicação. A maioria dos autores aceita sugestões editoriais porque reconhece o valor agregado. Mudanças de título, reorganização de capítulos e ajustes de linguagem podem transformar completamente o apelo de uma obra.
Um exemplo prático: “Sistemas Violadores de Direitos Fundamentais” virou “A Fórmula da Tirania” e multiplicou seu potencial comercial. O trabalho editorial vai além da correção – envolve tornar o conteúdo acessível sem descaracterizar a proposta original.
O processo típico leva entre três e quatro meses e inclui revisão técnica, adequação de linguagem e diálogo constante. Editores especializados conhecem o mercado e sugerem melhorias que ampliam significativamente o alcance da obra.
Como aproveitar sua rede para potencializar vendas
Seu maior ativo para marketing jurídico está na rede de relacionamentos que já possui. As pessoas compram o autor, não a editora. Você tem acesso direto ao seu público-alvo e pode falar da obra com conhecimento único.
O networking do dia a dia se estende automaticamente ao projeto editorial. Colegas de faculdade, membros de associações, clientes atuais, prospects e referências profissionais constituem público natural para a obra.
Redes sociais e ferramentas digitais amplificam esse alcance, transformando a obra em projeto de comunicação contínua. A promoção não é obrigação adicional, mas oportunidade de aprofundar relacionamentos.
Estratégias práticas para mobilizar sua rede
• Envios personalizados para contatos qualificados
• Eventos de lançamento segmentados por público
• Uso estratégico de redes sociais profissionais
• Transformação da obra em ferramenta de relacionamento
Modelos de publicação disponíveis no mercado
O mercado oferece diferentes modelos que se adaptam a perfis variados de autores. O cofinanciamento viabiliza projetos com público mais restrito – o autor adquire entre 50 e 100 exemplares da tiragem inicial, e a editora assume produção e comercialização do restante.
Editoras também oferecem financiamento integral para projetos com maior potencial comercial. Print on demand ganha espaço para obras especializadas, com impressão sob demanda conforme surgem pedidos.
Contratos típicos estabelecem parceria de cinco anos para exploração comercial, permitindo planejamento de longo prazo para estratégias de marketing jurídico baseadas na obra publicada.
Conclusão: transforme conhecimento em oportunidade
O mercado editorial jurídico oferece oportunidades reais para advogados que desejam ampliar reconhecimento através de obras publicadas. Sua rede de relacionamentos, expertise técnica e capacidade de comunicação são ativos valiosos que podem ser mobilizados estrategicamente.
Escolher temas alinhados com tendências, trabalhar colaborativamente com editores especializados, investir na promoção e aproveitar oportunidades de networking são estratégias testadas. O importante é começar – nunca foi tão viável transformar conhecimento jurídico em obra publicada de qualidade.